


No âmago inquieto do Rio de Janeiro, onde o compasso da cidade se dissolve na brisa salgada do mar, Charles Barreto surge como um artista que dilata fronteiras e reinventa a própria ideia de expressão. Sua jornada criativa não se desenha em linhas retas: é um labirinto de achados e revelações, onde a paixão pela arte, a curiosidade insaciável e a reverência ao passado se entretecem para erguer um universo singular, denso e luminoso.





Assemblage é uma técnica artística que consiste na criação de obras tridimensionais por meio da justaposição e combinação de objetos prontos ou encontrados — como madeira, metal, tecidos, peças domésticas e fragmentos do cotidiano. Diferente da escultura tradicional, a assemblage carrega em si a memória e a história de cada elemento incorporado, criando narrativas visuais únicas, repletas de simbolismo.
Em seu trabalho com assemblage, Charles Barreto transforma materiais comuns em poesia visual. Ao reunir fragmentos urbanos, objetos antigos e elementos afetivos, o artista constrói composições que convidam à reflexão sobre identidade, memória e tempo. Cada obra torna-se um campo de tensão entre o bruto e o sensível, o pessoal e o coletivo.




Navegar por este portfólio é aceitar um convite para uma travessia. Longe de ser uma simples reunião de obras, ele se apresenta como uma tese sobre a materialidade da memória. Em sua estrutura, tempo e espaço não são apenas temas, mas os próprios alicerces da composição. O convite não é para observar, mas para engajar em um diálogo contínuo.
Para Charles Barreto, a tela não é uma superfície a ser preenchida, mas um território a ser escavado. Sua pintura, embora distinta de suas assemblages tridimensionais, nasce da mesma pulsão de garimpo: se na assemblage ele resgata objetos com história, na pintura ele escava as próprias camadas do tempo, da memória e da emoção, transformando pigmento e textura em matéria viva.